janeiro 30, 2010

iPad: nova geração de gadgets amplia sobrecarga na rede 3G


Será que o novo iPad, da Apple, pode se provar bom a ponto de criar problemas?
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Steve Jobs, o presidente-executivo da Apple, destacou a capacidade do iPad para transmitir jogos de beisebol ao vivo e filmes, ao demonstrar o aparelho na quarta-feira. Mas as pessoas dispostas a pagar mais para receber conteúdo por meio da rede de dados de terceira geração (3G) da AT&T podem ter outro preço a pagar: downloads muito lentos e serviço precário, em um sistema que já está sobrecarregado.
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A rede telefonia móvel avançada dos Estados Unidos já começa a sofrer de carga excessiva em função de celulares inteligentes que servem como computadores, aparelhos de navegação e leitores eletrônicos. Celulares vêm cada vez mais sendo usados como televisores, e isso ocupa ainda mais banda. Eles também podem transmitir vídeos, o que permite videoconferências via celular.
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E uma nova geração de netbooks, computadores tablet e outros aparelhos móveis que se conectam às redes de telefonia móvel só aumentarão a sobrecarga. "As redes das operadoras de telefonia móvel não são capazes de arcar com milhões de tablets recebendo cinco gigabytes mensais de dados cada um", disse Philip Cusick, analista da Macquarie Securities.
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As operadoras de telefonia móvel subestimaram dramaticamente a demanda dos consumidores por serviços de rede, propelida em larga medida pelo iPhone e seus aplicativos, diz ele. "E isso só vai piorar quando o vídeo em formato stream ganhar ainda mais espaço".
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Uma hora de navegação na web via celular consome em média 40 megabytes de dados. Ouvir música via internet por uma estação online como a Pandora requer 60 megabytes de dados por hora. Assistir a um vídeo pouco nítido do YouTube pelo mesmo período de tempo leva a um consumo quase triplicado de dados. E assistir a um show ou evento esportivo ao vivo consumirá quase 300 megabytes por hora.
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"A questão do vídeo é algo que o setor precisa resolver", disse Cusick. A AT&T, única operadora de telefonia móvel para o iPhone nos Estados Unidos, se tornou alvo de piadas e causa de irritação para os seus clientes nas grandes cidades, devido a quedas de ligações, serviço precário e outros defeitos de rede.
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As demais operadoras de telefonia móvel podem em breve passar a sofrer do mesmo problema, quando começarem a vender mais aparelhos que usam serviços de dados intensivamente. As vendas de celulares inteligentes devem crescer em 30% este ano, de acordo com projeções dos analistas do Morgan Stanley.
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Em recente conversa com analistas, Ralph de la Vega, presidente-executivo da divisão de mobilidade da AT&T, disse que os usuários de celulares inteligentes, especialmente iPhones, estavam causando sobrecarga na rede ao assistir a vídeos e navegar pela Web. A empresa reportou elevação sem precedente no uso de serviços sem fio de dados, da ordem de 7.000% desde 2006.
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Jake Vance, por exemplo, acompanha o maior número possível dos jogos de beisebol do Boston Red Sox, a maioria dos quais via iPhone. "Assisto a todos os jogos que não posso ver na televisão", disse. "Também assisto a partidas ocasionais no iPhone quando estou em casa, se a minha mulher quer assistir a outra coisa na televisão".
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Na semana passada, Vance, 27, que trabalha muitas horas por dia na cozinha da padaria vegetariana que administra com sua mulher, em Rutherford, Nova Jersey, ouviu às transmissões em áudio de 70 partidas, e assistiu a outras 30, usando o aplicativo da Major League Baseball para o iPhone.
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"O iPhone mudou as expectativas dos consumidores quanto ao que um aparelho portátil é capaz de fazer", disse Jeff Bradley, vice-presidente sênior de aparelhos na AT&T. "Estamos trabalhando o mais rápido que podemos para garantir que essas expectativas sejam atendidas".
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No entanto, enquanto as operadoras de telefonia lutam para atender à demanda em suas redes, ao mesmo tempo encorajam o uso de aparelhos mais sofisticados e de listas cada vez maiores de aplicativos. Analistas antecipam que dentro de três ou quatro anos, as operadoras gerem mais de metade de sua receita com serviços de dados, ante menos de 30% hoje.
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As operadoras cada vez mais consideram os serviços de dados e de stream de vídeo de alta qualidade como forma de se diferenciarem dos concorrentes, diz Ross Rubin, analista do NPD Group.
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A AT&T, por exemplo, está oferecendo um plano de dados com volume ilimitado de transferências por US$ 30 ao mês, para usuários do iPad. Os clientes não ficam obrigados a manter um contrato de longa duração, como acontece com os celulares, e isso torna o novo serviço mais atraente. "Eles desejam plantar agora na mente dos consumidores a semente quanto ao potencial, antes mesmo que as redes estejam prontas. Mas é preciso encontrar o equilíbrio entre oferecer uma má experiência e a sobrecarga da rede", disse Rubin.
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As redes de outros países enfrentam problemas semelhantes, disse Chetan Sharma, um analista independente de telefonia móvel. Mas muitas operadoras fora dos Estados Unidos tentam manter sob controle o uso das redes ao adotar planos escalonados para dados. E os celulares inteligentes, que consomem mais banda, muitas vezes estão divididos entre diversas operadoras em uma mesma cidade.
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Ainda assim, algumas delas, como a britânica O2, sofreram falhas de serviço devido à concentração de proprietários de iPhones em áreas urbanas densas, a exemplo de Londres.
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Os streams de vídeo e as transmissões ao vivo de eventos ainda estão em estágio inicial de adoção. Mas já conquistaram espaço entre os consumidores. A versão de US$ 10 para o aplicativo de beisebol, que permite streams ao vivo para celulares, registrou cerca de 300 mil downloads desde que foi colocada à venda, em junho, disse Bob Bowman, presidente-executivo da MLB.com.
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"Não tivemos nem mesmo a temporada completa de beisebol com o aplicativo à venda", disse Bowman. "Creio que veremos alta substancial na próxima temporada". O aplicativo foi demonstrado por Jobs no evento de lançamento do iPad, na quarta-feira.

A National Football League (NFL) recentemente anunciou planos para oferecer seu Red Zone Channel, que oferece destaques de partidas de futebol americano em tempo real, com placares e melhores lances, aos usuários de celulares, na próxima temporada.
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O Knocking Live, um aplicativo gratuito que permite a proprietários do iPhone e iPod Touch trocarem vídeos em tempo real, como se em uma teleconferência, teve mais de 275 mil downloads, de acordo com a empresa que o criou, a Pointy Heads Software. Cerca de 540 mil sessões de videoconferência em tempo real foram iniciadas desde que o aplicativo chegou ao mercado, no começo de dezembro. Em média, 120 gigabytes de dados são trocados a cada dia, e a empresa estima que cerca de 90% das sessões tenham sido conduzidas por meio da rede 3G da AT&T.
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O Ustream.tv, site que permite que qualquer pessoa transmita ao vivo pela web eventos como cerimônias de casamento ou travessuras de filhotinhos de animais, recentemente introduziu um aplicativo gratuito que permite que usuários de celulares inteligentes acionados pelo sistema iPhone ou Android transmitam vídeos diretamente de seus aparelhos. Nas duas primeiras semanas de oferta, a empresa disse que os usuários subiram mais de 500 mil transmissões.
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"A facilidade e simplicidade de apanhar o celular, apertar um botão e transmitir ao vivo é o que torna o aplicativo tão atraente", disse Brad Hunstable, presidente da Ustream.
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Hunstable disse que os dados requeridos para transmitir ou assistir a vídeos ao vivo usando o aplicativo são comparáveis a assistir a um vídeo no YouTube. Mas a empresa está testando uma versão de alta definição de seu aplicativo para o iPhone, que usará mais banda.
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"À medida que a tecnologia melhora, melhora nossa capacidade de transmitir vídeo de melhor qualidade".
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